Um filme por dia 2017 - 11/12 - Sam Was Here (2016)
Título original: Sam Was Here
Há filmes que deliberadamente criam um clima de mistério e incerteza, permitindo que os espectadores interpretem as imagens e a trama das mais diversas formas, projetando-se e utilizando as suas próprias experiências de vida para enxergar na obra uma gama de significados. O diretor David Lynch faz isso com maestria, criando filmes que perturbam ao mesmo tempo que fascinam e são relevantes artisticamente.
Sam Was Here mostra que não é fácil fazer filmes no estilo de David Lynch. Na obra, o vendedor ambulante Sam (Rusty Joiner) está tentando fazer negócios em uma cidade onde não há ninguém, uma estranha luz aparece no céu e tudo vai ficando cada vez mais estranho - ele não consegue falar com nenhum amigo ou familiar pelo telefone e passa a ser acusado de assassinato, obtendo informações através do único programa de rádio que consegue sintonizar.
O desenvolvimento da estória não é ruim e Sam Was Here consegue criar uma boa atmosfera de nervosismo e tensão, sendo impossível adivinharmos o desenrolar da trama. O grande problema é a conclusão, aberta a diversas interpretações mas sem nenhum charme ou elementos suficientes para ultrapassar a tênue linha entre o genial e o medíocre - no cinema esses dois opostos podem estar bem próximos dependendo do ponto de vista, como dois pontos em uma argola.
Ao final de Sam Was Here é difícil concluirmos se gostamos ou não do filme. Toda a trama e seus signos foram realmente pensados ou os vários elementos foram jogados aleatoriamente para iludir a audiência sobre uma suposta significação oculta? A forma como a estória é contada não é suficientemente consistente para que acreditemos na primeira hipótese.
Nota: 2/5
Fabio Consiglio
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